Dia Internacional das Pessoas com Deficiência

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No dia 3 de dezembro assinala-se o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência.
Neste sentido, a Cercipeniche foi convidada pela Assembleia da República a participar numa sessão solene a realizar na Sala do Senado do Palácio de S. Bento.
Nesta iniciativa, o porta-voz do grupo de autorrepresentantes do CERIN, Luís Noivo, irá ler uma mensagem alusiva à Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência, deixando ainda um apelo para a utilização  da comunicação aumentativa em todos os serviços da sociedade.

Assembleia da República
Dia 3 de Dezembro de 2014

"Eu chamo-me Luís Noivo e venho da Cercipeniche, mais propriamente do Centro de Respostas Integradas da Cercipeniche.
Neste centro, desenvolvo atividades de ocupação pelo trabalho na jardinagem e numa horta de ervas aromáticas. Faço parte de um grupo de comunicação e divulgação, onde elaboramos um pequeno jornal e notícias para o site e facebook. Tenho atividades da vida diária, onde aprendo coisas importantes para o meu quotidiano. Pertenço a um grupo de teatro, onde estamos a desenvolver uma peça de teatro infantil para apresentar às escolas e faço parte de um grupo de canoagem, no âmbito de um projeto conjunto com o Desporto Escolar. Faço também parte de um grupo de autorrepresentantes e fui eleito pelos meus colegas “chefe do grupo”.
Ser autorrepresentante é ter uma palavra a dizer acerca dos assuntos da vida do centro, mas também trabalhar temas e assuntos da vida em sociedade. É representar os outros através da nossa voz e saber dar voz às nossas preocupações, de nos podermos exprimir, para que também os outros nos possam compreender melhor.
O dia 3 de dezembro é mais um dia no calendário, mas também é um dia para nos lembrarmos de todos os rapazes e raparigas com deficiência que, todos os dias, também trabalham e dão o seu melhor dentro ou fora das instituições. Quando olhamos para uma pessoa nem sempre conseguimos ver se tem limitações, pois a deficiência nem sempre se vê. Mas ser deficiente não é um mal, nem uma doença e muitas vezes me pergunto “O que pensarão as outras pessoas da deficiência?”.
Mas as pessoas com deficiência também têm capacidades e devem ter uma voz ativa e uma vida ativa. Podem e devem participar na sociedade tentando ser elas mesmas, mesmo correndo o risco de terem que enfrentar alguns obstáculos. Por vezes precisam apenas de uma pequena ajuda, para que esses obstáculos possam desaparecer e para isso seria necessário haver mais oportunidades para podermos expressar a nossa vontade.
A Bernardina, que também veio connosco, trabalha numa creche e o trabalho dela é tão importante que quando falta as educadoras ficam aborrecidas. Ela ajuda as educadoras, prepara as crianças para o lanche, despeja o lixo, varre a sala, vai ao correio e acompanha as saídas. O trabalho dela é muito importante para que a creche funcione bem. A Adelaide, que também veio connosco vive sozinha e faz tudo em casa, além disso colabora na arrumação e limpeza da Biblioteca Municipal de Peniche e também é voluntária numa coletividade perto de casa.
Estes e outros colegas participam à sua maneira.         
As pessoas com deficiência têm direito a ter e a exprimir a sua opinião, de poder escolher o que entendem ser melhor. A sociedade deve respeitar a Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência e perceber que todas as pessoas têm os mesmos direitos.
A mensagem que aqui deixo aos excelentíssimos senhores deputados deste país é para que se possam criar regras e leis de forma a tornar mais acessível a informação que existe nos locais públicos. Se os bancos, os correios, as finanças, as bibliotecas e os outros locais tiverem informação escrita de forma simples e imagens ou símbolos, temos a certeza de que as pessoas com deficiência vão compreender melhor e ter uma vida com mais autonomia. Chama-se comunicação aumentativa e seria útil para todos.
Em meu nome e em nome dos meus colegas, gostaria de agradecer o facto de termos a Cercipeniche que nos acolhe e ajuda a ultrapassar os obstáculos da nossa vida e de agradecer também por todas as outras instituições espalhadas pelo país que também dão oportunidades a muitas outras pessoas.
Agradecemos também o convite porque, pela primeira vez, pudemos estar aqui a manifestar a nossa opinião."